24 agosto 2006

um livro e um cálice de porto


O melhor fim para a tarde de chuva passada à lareira. Jantou-se, sem sair do lugar, algo simples e de confecção fácil pois, contagiados pela preguiça da tarde não houve forças para mais. Retira-se o volume ao televisor, deixando o apresentador do concurso familiar num fora de tempo filme mudo e avança-se para a garrafeira, indecisos. Hum, gin? Wiskey? Martini? Porto? Porto! Enche-se generosamente o cálice, pega-se no livro do momento e retoma-se o lugar. O livro é aberto mas, durante os próximos minutos, repousará ainda nos joelhos enquanto se observa os reflexos de mel provocados pelo fogo no vinho e se deberica os primeiros golos. Então sim, podemos embrenhar-nos na história deixando-nos embalar pelo ambiente ameno e pela candura do porto. Seremos, de tempos a tempos, despertos pela necessidade de remexer nas brasas dando-lhes nova vida até que já nada reste do livro, do porto, ou da noite.

23 agosto 2006

uma tarde à lareira


Lá fora a chuva fustiga as janelas e o vento assobia nas árvores. São apenas 15 horas e as nuvens, escuras de tão carregadas, não permitem que mais que uma fraca luminosidade entre na sala. Acendem-se as luzes, dispõe-se calmamente a lenha na lareira e ateia-se o lume. É já com a madeira a crepitar que puxamos para mais perto, quase para dentro, o cadeirão e deixamo-nos ficar, dormitando, a aquecer o corpo e a alma enquanto o olhar vai vagueando entre as gotas que escorrem pelos vidros, o filme sem interesse que passa na televisão e o fogo que, como que entabulando conosco uma suave conversação, estala mesmo ali ao lado. É nesta deliciosa inutilidade que a tarde preguiçosamente se vai estendendo e deixando ver, por entre uma fugaz aberta, a lua que, sem que nos dessemos conta, já vai alta.

22 agosto 2006

o ultimo gelado no santini

Este sabe ainda melhor. Porque sabemos que nos esperam 6 meses sem voltar a poder fazê-lo, é com uma certa nostalgia e já sob o frio outonal que subimos a avenida valbom e entramos, entre história e espelhos, na geladaria para nos demorarmos diante da duzia de opções e escolher o sabor que queremos recordar durante o inverno. Já com o eleito nas mãos saboreia-se o fresco do final de tarde com um passeio pelas ruas da vila que, agora já sem turistas, se tornou autentica, familiar. Há quem só regresse a Cascais na re-abertura da casa que fabrica, disse alguém um dia, os melhores gelados do mundo.

o primeiro gelado no santini


A primavera já se faz sentir e o calor já nos levou a comer mais de um gelado mas o verdadeiro inicio da época faz-se com a abertura da mais conceituada geladaria nacional. É o inicio de uma autentica romaria para degustar, sim porque um santini não se come nem se devora, sente-se. É aqui que se percebe todo o conceito do gelado, fresco, leve, simples e cheio de sabor. Sabor a sério, tal como nos lembramos dos morangos da terra da avó, do caramelo feito em casa de volta do velho e lento fogão, da nata. Ah a nata... e todos os outros. Tradicionais, claro, porque por estas bandas ninguem pede sabor a bolos ou bolachas nem coberturas de caramelo, pepitas ou frutos silvestres, um gelado de limão e framboesa é apenas isso, limão e framboesa numa bola única para não ser demasiado e para ficar a vontade de voltar...