23 agosto 2006

uma tarde à lareira


Lá fora a chuva fustiga as janelas e o vento assobia nas árvores. São apenas 15 horas e as nuvens, escuras de tão carregadas, não permitem que mais que uma fraca luminosidade entre na sala. Acendem-se as luzes, dispõe-se calmamente a lenha na lareira e ateia-se o lume. É já com a madeira a crepitar que puxamos para mais perto, quase para dentro, o cadeirão e deixamo-nos ficar, dormitando, a aquecer o corpo e a alma enquanto o olhar vai vagueando entre as gotas que escorrem pelos vidros, o filme sem interesse que passa na televisão e o fogo que, como que entabulando conosco uma suave conversação, estala mesmo ali ao lado. É nesta deliciosa inutilidade que a tarde preguiçosamente se vai estendendo e deixando ver, por entre uma fugaz aberta, a lua que, sem que nos dessemos conta, já vai alta.