05 outubro 2008

Évora


















Olho à volta do alto de S. Bento, de um lado a planície silenciosamente deserta cortada aqui e ali por estreitas faixas negras de som, do outro a cidade, Évora, autoritariamente dominada pela imponente Sé. Olho e recordo: começo no Rossio, passo pela pensão do Machado que não é já mais do que uma longínqua recordação dos mais antigos e desemboco no Giraldo, na Praça. Detenho-me por momentos no centro, respiro a lembrança de tempos antigos e continuo por ruas estreitas, caladas, nuas, assustadoramente belas. Aproximo-me da Sé mas logo o Templo me chama, Diana, contemplo-te através de séculos de guerras, de batalhas, séculos de amor. Contemplo também a planicie em redor, uma doce melancolia apodera-se de mim e parto à procura do liceu, dos seus claustros de memórias esquecidas, da sua fonte de águas outrora puras. Finalmente, sem destino, vagueio, por entre jardins floridos e mórbidas capelas.
Évora, que saudades na hora da partida, quanta angústia no momento do regresso. Évora.

1996