A noite foi de chuva e vento, o dia nasceu escuro, húmido e frio. Enquanto as gentes procuram o aconchego de um qualquer templo comercial nós rumamos à beira-mar. No esburacado parque de estacionamento de terra, improvisado em frente à praia, não se aglomeram centenas de carros, motos, bicicletas e respectivos ocupantes. Está vazio de civilização ocupado apenas por um ou dois cães vadios que, com curiosidade, se aproximam ziguezagueando entre as poças. Ao abrir a porta da viatura sentimos desde logo um forte vento, pequenas agulhas quase, a bater na cara. Saímos. Fechamos melhor, o mais possível, o casaco e, de mãos nos bolsos, aproximamo-nos do mar. Não muito, apenas uns passos até uma pequena pedra ou aos primeiros metros de areia. E lá ficamos. Olhando as ondas, uma após outra, na sua forte investida, escutando o ronco do mar enquanto se desfaz, escuro, desordenado e furioso, nas rochas e os gritos aflitivos das gaivotas que não se aventuram a voar para longe. Está frio, sentimo-lo nos pés, nas calças que, húmidas colam às pernas, e no nariz que dá o caracteristico sinal. Está frio e cinzento mas já não chove e o sol ameaça romper. Um, dois,..., são poucos e momentaneos os raios que surjem por entre as nuvens. São poucos e fracos mas suficientes para conferir ao céu e ao mar uma luz inigualavel, um brilho irreal que aquece o dia e conforta a alma.
06 dezembro 2007
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